Bento PEREIRA (1605-1681); Thesouro da lingua portugueza. Eborae, ex Typographia
Academiae, 1697.
1ª edição: Thesouro da Lingoa Portuguesa. Lisboa, na officina de Paulo Craesbeeck,
& à sua custa (pela data das licenças estaria pronto já em 1638). Publicado, a partir
de 1661, sempre juntamente com a Prosodia.
O Tesouro deve destacar-se, no conjunto constituído pela Prosodia,
como a fonte de referência para a fixação da nomenclatura lexical portuguesa. Quase
sem ser alterado, foi reproduzido em sucessivas reedições durante o século XVII,
com cerca de 24.000 entradas que se mantiveram mesmo depois da grande revisão da
Prosodia de 1697 (com a qual continuou a ser publicada de década em década,
até 1755), prefigurando já toda a capacidade de inovação do vocabulário moderno
(Verdelho 1987). O Tesouro tornou-se uma importante referência normativa
para a língua portuguesa; contribuiu certamente para modelar a tradição ortográfica,
e foi o primeiro corpus do léxico português formado a partir do património
textual. Na 1ª. ed. cita-se um elenco de fontes textuais (“Authores portugueses
os quaes todos se leram pera fazer este Vocabulario”), onde se nomeiam, entre outros,
Camões, João de Barros, Diogo Bernardes, Heitor Pinto, Duarte Nunes de Leão, João
de Lucena, Bernardo de Brito. (Verdelho 1992)