Projecto CLP - Apresentação
O corpus dicionarístico do português moderno (século XVI ao século XIX) é um fundo modesto
quando comparado com o património de outras línguas, mas nem por isso deixa de ser precioso.
Compõe-se de um conjunto de dicionários, na sua maior parte bilingues (os mais importantes
são de português-latim e de latim-português), que reunem o mais amplo e sistemático
repositório do léxico da língua portuguesa.
Foram elaborados sob a inspiração dos modelos da lexicografia europeia, mas constituem uma
documentação original e fundadora em relação ao percurso da dicionarística portuguesa.
Os dicionários, a sua criação e publicação foram certamente motivados pelas solicitações dos
falantes e repercutem, de algum modo as imergências da vida da língua. Por isso mesmo
oferecem-nos hoje um roteiro privilegiado para a diacronia linguística portuguesa, e são
também uma fonte e um instrumento de acesso para a memória literária e, em geral, para a memória
cultural portuguesa.
Iniciou-se, esse precioso património dicionarístico, com a obra de Jerónimo Cardoso, no
século XVI, e foi continuado nos séculos XVII e XVIII, principalmente com as obras de Bento
Pereira e de Bluteau, e franqueou as portas da modernidade com o Dicionário da Língua Portuguesa
de António de Morais Silva. Entre a escrita acumulada da língua portuguesa, estes dicionários
destacam-se como a referência mais importante e a mais instruída para o conhecimento da memória
linguística e especialmente da memória lexical.
São obras dimensionadas, de feitura antiga e de informação erudita que exigem leitura crítica,
registo, revisão e tratamento dos dados, antes da sua divulgação para os estudiosos da língua,
da literatura e da cultura e para os comunicadores interessados num uso mais esclarecido e mais
eficaz da língua portuguesa.
Ver: Dicionários portugueses, breve história;
Lexicografia